“O encontro de duas personalidades assemelha-se ao contato de duas substâncias químicas: se alguma reação ocorre, ambas são transformadas”.
Jung
Como Jung nos ensina o encontro de duas pessoas pode ser comparado ao contato de duas substâncias ou elementos químicos. Preparados para pensar nessa analogia?
Os elementos ou substâncias, assim como nós, reagem de formas diferentes entre si. Alguns quando colocados em contato dão origem a uma reação explosiva, ou seja, reagem muito rapidamente produzindo altas quantidades de energia, mas que na maioria das vezes não originam um produto estável. São as paixões repentinas e intensas, explosivas, mas na maioria das vezes não duradouras.
Outros elementos reagem mais lentamente originando um produto estável, como aquele amor que é construído ao longo do tempo e é duradouro.
Outros elementos reagem ainda tão lentamente que a reação só é perceptível na presença de um catalisador, mas o produto formado é estável. No caso das relações o catalisador pode ser um curso que os dois decidem fazer juntos, um projeto comum, uma viagem, etc.
E, finalmente tem aqueles elementos que não reagem de forma alguma, independente do catalisador utilizado. Se você se lembra da química, um catalisador só aumenta a velocidade de uma reação que já acontece naturalmente com baixa velocidade, nunca faz com que elementos ou substâncias que não reagem naturalmente passem a reagir.
Nas relações corresponde dizer que se não existe afinidade não adianta insistir que uma reação não vai acontecer. Duas pessoas podem até ficar juntas por escolha, mas se não há afinidade entre elas vai ser muito difícil construir um lugar comum, o lugar do NÓS, que é diferente da soma do EU + VOCÊ. O NÓS seria o produto da reação que é diferente dos reagentes, tem características e propriedades próprias. O NÓS sempre vai ser maior que a soma do EU e VOCÊ.
No caso de uma reação química, normalmente, estamos interessados no produto final, então quanto mais deslocado para o produto da reação, melhor. Nos relacionamentos conjugais dosar este equilíbrio é importante. Manter o EU e o TU coexistindo com o NÓS é fundamental para uma relação saudável. Preservar a individualidade dos cônjuges ao mesmo tempo em que a identidade conjugal é formada é essencial.
Em todas as nossas relações conjugais ou não nós construímos vários NÓS. E o que é essencial para a formação de um NÓS saudável? Vamos fazer uma pequena viagem no tempo e entender como construímos as nossas relações?
Para esse experimento você vai precisar de um papel e uma caneta ou lápis. Divida esse papel em três colunas. Na primeira coluna escreva idade, na segunda nome da pessoa e na terceira palavra ou frase. Agora deixe o papel e lápis de lado e vamos lá.
Sente-se confortavelmente em uma cadeira com os pés no chão e a coluna reta. Feche os olhos por um minuto, sinta sua respiração, a coluna alinhada e perceba seu corpo relaxando mais e mais a cada expiração. Pense nos seus primeiros relacionamentos com sua mãe, com seu pai e encontre uma palavra ou uma frase que identifique esse relacionamento. Sem perder a conexão, abra os olhos e escreva no papel a idade que você tinha naquele momento, o nome da pessoa que você trouxe na sua lembrança e a palavra ou frase que associou.
Feche novamente os olhos e vá agora até a idade de 7anos, idade que você está aprendendo a ler e descobrindo um novo mundo, e busque uma relação que foi significante para você neste momento. Perceba a sensação e o sentimento que essa lembrança lhe traz e associe uma palavra ou frase com essa lembrança.
Repita o mesmo para a sua adolescência e para sua idade atual.
Respire, olhe para essa tabela. Você percebe algum padrão? O que te chama a atenção? Não julgue, não se culpe, apenas perceba, tome consciência do que se apresenta neste momento com esse experimento. Essa consciência vai te ajudar a entender o seu modo de relacionar-se.
Você consegue identificar como foi seu processo de aprendizagem na construção de um espaço de confiança com seus pais, seus amigos e namorados? Como é essa construção desse espaço hoje na sua vida?
Quanto mais confiamos, mais nos abrimos, mais trocamos e mais nos transformamos.
Com amor,
Lena Moreira